27 novembro 2006

A Grande Casa Da Direita

… Julgo que Fernando Pessoa definiu parte do Liberalismo de forma soberba: “doutrina que defende que o indivíduo tem o direito de pensar o que quiser, de exprimir o que pensa como quiser, e de pôr em prática o que pensa como quiser, desde que essa expressão ou essa prática não infrinja directamente a igual liberdade de qualquer outro indivíduo …

Confesso que é um dos meus sonhos: a construção de uma grande casa onde caiba toda a direita. A que existe e a que porventura ainda não foi inventada. Pelo menos até agora.

Juntar conservadores, liberais, democrata-cristãos e todos os filhos de uma Nova Democracia.
Não faz hoje qualquer sentido fazer oposição ao mesmo bloco, muitas das vezes num clima de guerrilha. E como em todas as guerras, as civis são as mais corrosivas.

Urge ultrapassar o clima de um grupo de pessoas que se odeiam cordialmente. É preciso acabar com o marasmo à Direita, que vai permitindo que Trotskistas tenham maior peso eleitoral que forças democráticas fundamentais para o enraizamento permanente da cultura política ocidental.
Falamos muitas vezes de Direita, mas importa clarificar o que se entende por Direita. Deve a sua designação original ao facto de, nos Estados Gerais Franceses, reunidos em 1789, os Monárquicos, que apoiavam o Antigo Regime, terem tomado o lugar à direita do rei. Evidentemente que com o tempo, essa distinção tornou-se verdadeiramente obsoleta, e o sentido de direita e esquerda não encontra qualquer eco, nos dias de hoje, naquela diferenciação inicial.

Entre a Direita temos pois várias correntes. Desde logo o conservadorismo.
O conservadorismo é uma corrente político - filosófica que defende que as melhores instituições não são aquelas que resultam de projectos feitos a partir do nada, mas sim de uma evolução gradual e “natural” ao longo dos séculos.

Para quê a precipitação, as experiências não testadas, a corrida desenfreada às leis revolucionárias, como se um país mudasse por decreto.

Descontando a demagogia de uns, quem é que não pretende conservar a sua família, os seus bens, o meio ambiente, os seus amigos?

Transportada esta ideia para a concepção ideológica do conservadorismo, percebemos rapidamente quais os princípios que o inspiraram. A vontade de construir uma sociedade melhor, mais justa, onde os direitos coabitam em harmonia com os deveres.
Rejeito em absoluto a tese que vê no conservadorismo um pessimismo antropológico, a ideia de que o homem é naturalmente egoísta. Mas também não aceito o mito do bom selvagem, para quem a sociedade é sempre a culpada de todos os males.

É por isso que a Família é um elemento essencial para os conservadores. É ela que deve socializar o indivíduo, educando-o, passando-lhe todo um conjunto de valores morais e éticos.
Se todos pensarmos bem, não é a solução mais apropriada? Quem melhor que os nossos pais e avós, para nos integrarem na sociedade.

Infelizmente, certa esquerda radical, que vê na destruição das instituições uma possibilidade de retirar dividendos, não hesita em denegrir e reduzir à mínima expressão a instituição Família. E para atingir esse fim não olha aos meios que emprega.

Ainda no pensamento conservador, há uma outra ideia fundamental: a noção de Pátria, e de tudo o que ela representa. Mais que a terra onde nascemos, é a alma de toda uma Nação que os conservadores querem preservar.

Felizmente que nesse aspecto Portugal evoluiu nos últimos anos, sendo já possível cantar o Hino e falar em orgulho da Pátria, sem sermos acusados de reaccionários. Felizmente para Portugal e para os portugueses.

Quanto ao Liberalismo, é uma corrente política que abrange diversas ideologias históricas e presentes, que proclama como devendo ser o único objectivo do governo a preservação da liberdade individual.

Julgo que Fernando Pessoa definiu parte do Liberalismo de forma soberba: “doutrina que defende que o indivíduo tem o direito de pensar o que quiser, de exprimir o que pensa como quiser, e de pôr em prática o que pensa como quiser, desde que essa expressão ou essa prática não infrinja directamente a igual liberdade de qualquer outro indivíduo.

Gostaria de destacar entre os seus mais ilustres pensadores, Friedrich Von Hayek. Na sua obra notável, o “ caminho para a servidão “, escalpeliza de forma ímpar o socialismo, desmontando as suas utopias.

Que ninguém tenha dúvidas, a ideia de esquerda é mais vendável que a de Direita. Precisamente porque inunda as mentes de utopias, querendo fazer acreditar que a igualdade é um direito adquirido.

À custa dessas perniciosas falácias, certos (muitos) sectores da sociedade acham que têm direito a casa paga pelo estado, salário pago pelo estado, propinas pagas pelo Estado.

É por isso mesmo que a Nova Direita tem de ter um discurso positivo mas incisivo, que sem rodeios acabe de uma vez por todas com esta apropriação colectiva da mentalidade. E que de uma vez por todas elucide os mais distraídos, que é pelo trabalho que melhoramos a nossa condição de vida, e contribuímos para o enriquecimento do país.

É por tudo isto que aquilo a que foi chamado Conservadorismo Liberal me parece parte da chave para mudar Portugal.

Demorará, é certo, mas enquanto tivermos forças para difundir a necessidade de fazer evoluir o país, valerá sempre a pena.

Que a Direita em Portugal saiba estar à altura dos desafios que se avizinham.
In Nova Vaga, nº 6
Filipe Barbosa

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