27 novembro 2006

Uma Nova Direita

… Empresas sem lucro estão condenadas ao desaparecimento e por cada empresa que fecha a sociedade como um todo torna-se mais pobre …

Apesar de jovem vivi 7 anos fora de Portugal e tive a oportunidade de trabalhar e estudar em diversos países e conviver com diferentes culturas. Deste modo é inevitável que muitas vezes dê por mim a fazer comparações e tentar perceber o porquê de muito do que se passa no melhor país do mundo, o nosso Portugal. Acreditem que apesar dos seus problemas e defeitos é realmente um grande país e somos uns sortudos por ter tido o privilégio de ter nascido portugueses. É assim que eu me sinto, um privilegiado. Sinto também que tenho a obrigação e o dever de criticar o que acho que está mal e indicar sugestões. È o que fazemos em família, criticamos para dentro e defendemos para fora.

Um dia quando vivia em Denver fui assistir a um jogo de futebol americano da equipa local, á porta do estádio estava estacionado um Ferrari F40 (um carro que desperta as atenções mesmo dos que não são apreciadores) e quando seu dono chegou para leva-lo começou a receber os parabéns de pessoas que estavam a sair do estádio ao mesmo tempo do que eu, que tal como eu não o conheciam de lado nenhum. Fiquei espantado, todos admiravam o carro e mostravam essa admiração ao seu dono, pelo simples facto de este poder possuí-lo. Comentei com um amigo americano que estava comigo que aquela situação seria pouco provável em Portugal. Possivelmente alguém que deixasse um carro daqueles estacionado na rua encontraria o mesmo com a pintura riscada e de certeza ninguém lhe daria parabéns por ter podido adquiri-lo.

Reside aqui uma das diferenças culturais fundamentais entre os norte-americanos e os portugueses, ou sendo optimista, alguns portugueses. Os bem sucedidos lá são respeitados e servem de modelo para os outros. Pressupõe-se que, se são ricos e têm sucesso porque têm mérito. Com excepção dos mafiosos e outros bandidos, ninguém enriquece se não tiver trabalhado muito ou não possuir qualidades que os distingam dos demais. O sucesso não desperta inveja mas sim admiração. Por que é que em Portugal ás vezes é diferente? Porque é que temos vergonha do sucesso e do lucro? O lucro, entre nós, não é visto como uma recompensa pelo mérito, mas sim como um privilégio imerecido, algo que foi obtido, provavelmente, por meios obscuros, predatórios e sem escrúpulos. Os empresários, com razão, muitas vezes têm relutância em comentar a rentabilidade de suas empresas e muitas vezes ouvimos a expressão "lucros exorbitantes", como se por si só tal seja uma coisa má.

O lucro, é a justa contrapartida pela eficiência, pela excelência administrativa e pelo empreendedorismo. Mais do que isso, é a razão de existir das empresas. O lucro é o motor do sistema capitalista. Somente com ele há geração de riqueza, crescimento económico e prosperidade geral para a sociedade. O lucro cria empregos, investimentos e novas oportunidades. Empresas sem lucro, por outro lado, estão condenadas ao desaparecimento e por cada empresa que fecha a sociedade como um todo torna-se mais pobre. Alguns portugueses não entendem muito bem isto. Muitas vezes quando se questionam pessoas sobre a missão que uma empresa deve ter, a geração de lucros aparece em último lugar e muitos apontam que a função prioritária das empresas é gerar empregos, ajudar a desenvolver o país e desenvolver trabalhos comunitários. Penso que existe uma evidente contradição de conceitos. Como pode uma empresa gerar empregos, ajudar no desenvolvimento e realizar trabalhos comunitários, se não gerar recursos, ou seja, lucros? Não há efeito sem causa.

É verdade que existem razões culturais e históricas para esse desconforto dos portugueses em relação ao sucesso e ao lucro. Por um lado, a religião católica associou durante muito tempo a riqueza à luxúria, ao materialismo desenfreado e ao relaxamento moral (para os protestantes, ao contrário, a abundância é uma bênção de Deus). Por outro lado, em Portugal, pesa contra os ricos o facto de que muitas fortunas não foram adquiridas por mérito pessoal, mas sim por meio de benesses e privilégios concedidos pelo Estado. Os lucros conseguidos assim não resultam como recompensa do mérito, mas de relações sem ética e sem escrúpulos com o poder politico, são portanto ilegítimos e aos seus detentores e não se atribui reconhecimento social. Adicionalmente, os lucros muitas vezes na opinião pública são os grandes responsáveis pela desigualdade económica e pela injustiça social. Esta visão negativa e distorcida, em minha opinião, pode ter feito sentido no passado, quando o estado controlava totalmente a economia e os empresários, e alguns, eram favorecidos com reservas de mercado (monopólios), subsídios e outras facilidades. Actualmente, apesar de ainda subsistirem situações de irregularidade arrepiante, contra as quais temos de lutar com todas as nossas forças, essas não são a regra geral e com a gradual retirada do Estado do campo económico e a implementação da livre concorrência, a má reputação do lucro tem de ser revista. No mercado livre só vencem os mais capazes, os mais eficientes, os melhores empreendedores. São eles os responsáveis pelo fornecimento de produtos cada vez melhores a preços cada vez menores, e a sociedade inteira ganha com isso.

Eu sou um conservador-liberal convicto, sou de uma nova geração do pós 25 de Abril e por isso um férreo defensor do mercado aberto, da concorrência pura e da livre iniciativa. Cabe ao Estado criar instituições isentas e mecanismos de regulação imparciais para promover estes três factores. Quando o estado o faz está a garantir a igualdade de oportunidades para todos, pois desde que todos partam de condições idênticas o jogo livre das forças económicas encarregar-se-á de premiar os melhores, os mais empenhados e os mais capazes.

O lucro não é pecado! Pelo contrário, é com ele que a sociedade, como um todo, prospera. A grande missão das empresas é a de dar lucro. Se elas o conseguirem, respeitando os parâmetros legais e éticos, estarão assim a criar valor, a pagar impostos, a gerar empregos, a enriquecer o país e a cumprir a sua função social.

Em nome de uma nova direita peço aos socialistas que me perdoem, mas o lucro é essencial. O resto vem por consequência. Não queiramos mal aos que têm sucesso, vamos sim lutar para que todos um dia, possamos também alcança-lo!
João Montes

referer referrer referers referrers http_referer Counter Stats
big brother
big brother Counter Counter Stats
big brother 06
big brother 06 Counter